sábado, 16 de abril de 2011

Clichês Românticos

Certa tarde, eu e mais duas amigas conversamos animadamente sobre relacionamentos. Uma delas começava agora um namoro e como toda boa apaixonada, falava incansavelmente sobre as declarações românticas que o amado fazia, as rosas e cartas que trocavam, das músicas que eram “só deles” e de todas as risadas, abraços e beijos que são tão típicos de um início de relacionamento. A outra amiga, ao final da narrativa, declarou: “Quanta cafonice!” Eu a perguntei por que o romantismo era cafona, e a minha resposta foi: “Existe alguma coisa mais clichê do que o amor?!”

Estava lançado o desafio. Começamos a discutir. Quando ser romântico virou cafona? E porque amor virou clichê?

Pelo menos para mim, ser romântico nunca saiu de moda, da idade da pedra ao século XXI, a raça humana sempre teve ( e sempre terá?) suas formas de demonstrar carinho e suprir as carências afetivas um do outro. Talvez por isso mesmo que ele virou algo tão comum, um clichê, por ter nos perseguido em todas as épocas e gerações. Mas quem nunca se deliciou com esses clichês, é porque nunca amou. Mas com certeza já recebeu uma dessas banalidades (e gostou delas) de alguma forma, seja assistindo a um filme e silenciosamente torcendo para os protagonistas se juntarem no final, ou sorrindo ao ver um casal de velhinhos de mãos dadas numa praça qualquer, ou talvez vendo dois apaixonados se beijando sob a luz de um pôr do Sol e sentindo, lá no fundo, aquela sensação que te diz, baixinho: “o amor ainda existe, e é possível.”

Pelo Aurélio, romântico e ser romântico é próprio de cenas amorosas, romântico é ser sonhador, fantasioso, devaneador. Eu completaria o Aurélio dizendo que ser romântico tem a ver com realizar alguns sonhos também. Pois eu espero nunca achar alguém que afirme nunca ter nem sonhado com amar e ser amado, e no dia que eu achar, terei certeza: essa pessoa não é deste planeta ou está seriamente doente. Digo mais: a tal pessoa é digna de pena.

Por que eu tenho pena da pessoa que disser nunca ter tido nem vontade de amar e receber amor e carinho de volta. Ou talvez a errada seja eu, como sempre apaixonada e sonhadora, fantasiosa e devaneadora demais, romântica demais, tão diferente do resto das pessoas da minha idade, tão preocupados com o que está na moda que não ligam a mínima pra coisas tão cafonas como o amor e carinho. Talvez o romance tenha mesmo saído de moda e esqueceram de me avisar, fiquei presa no cafona, no banal, no clichê, achando que o romantismo era pra sempre!

Mas quer saber? Se for isso mesmo, não me conte, me deixe onde estou. Prefiro continuar me enganando, do que aceitar que o romance morreu.

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